12 de jan. de 2015

A CARTA DE LEELAH - O Resultado da Negação de uma Mãe Preconceituosa

Galera, normalmente eu venho até aqui sempre para falar sobre assuntos bons, ou sobre utilidades e tal, mas dessa vez infelizmente vai ser diferente. Estava eu navegando pela internet, e sempre tenho o costume de visitar minhas páginas salvas em favoritos, uma dela é o site Macaco Velho, que tem matérias super legais e muito intuitivas, que sempre prendem a minha atenção, e na maioria das vezes eu gosto pra caramba (Fica ai minha recomendação), porém hoje uma matéria me deixou chocado, e com várias perguntas em minha mente: Até onde o fanatismo religioso vai? Até quando PAIS deixarão de AMAR seus FILHOS por situações como essa? Porque esses religiosos fanáticos pregão ÓDIO, se fingem de CEGOS, adorando o que se CONVÉM e acham que ESTÁ TUDO BEM, e sua adoração está sendo ACEITA por "DEUS" e se acham os donos da verdade, quando não valem nem o que come, e apenas ocupam espaço no mundo. Eu vou colocar a matéria aqui, mas para ver na íntegra, confira a página clicando aqui.


Em um mundo ainda muito preconceituoso como o nosso, você conseguiria viver se fosse transgênero? Leelah Alcorn, uma menina que nasceu com o corpo de um homem, e se preparava para se tornar uma mulher por completo, não conseguiu suportar o peso da rejeição.

A transgênera – que planejava fazer a cirurgia de mudança de sexo, mesmo sem a permissão de sua família – tirou a própria vida ao se atirar na frente de um caminhão em alta velocidade, depois de ter deixado uma carta culpando seus pais religiosos por sua morte. Leelah, que tinha apenas 17 anos de idade, morreu no domingo, dia 28 de dezembro de 2014, em uma rodovia de Warren County, no estado de Ohio (EUA).

O tumblr de Leelah publicou a carta de suicídio automaticamente (através de uma postagem agendada) apenas algumas horas após sua morte. O Macaco a traduziu e a incluiu nesse post, na íntegra, para a sua leitura abaixo. Lembre-se que essas são as últimas palavras de uma pessoa torturada, que merecem ser respeitadas.


A CARTA DE LEELAH

“Se você está lendo isso, significa que eu cometi suicídio e não apaguei essa postagem agendada.

Por favor não se entristeça, foi melhor assim. A vida que eu teria vivido não merece ser vivida…porque eu sou transgênera. Eu poderia entrar em detalhes, explicando por que eu me sinto assim, mas essa carta vai provavelmente ser extensa o suficiente. Basicamente, eu me sinto como uma menina presa no corpo de um menino, e eu me sinto assim desde os meus 4 anos de idade. Eu não sabia que havia um nome para esse sentimento, e nem que era possível para um homem se tornar uma mulher, então eu nunca havia contado nada a ninguém e só continuei a agir como um “garoto tradicional” só para tentar ser aceita pelas outras pessoas.

Quando eu tinha 14 anos, eu descobri o que ‘transgênero’ significa e chorei de felicidade. Após 10 anos de confusão, eu finalmente entendi quem eu era. Eu imediatamente contei à minha mãe, e ela reagiu de forma extremamente negativa, me dizendo que era apenas uma fase, que eu nunca seria uma mulher de verdade, que Deus não erra e que eu estava errada. Se vocês estão lendo isso, pais, por favor não digam coisas desse tipo para as suas crianças. Mesmo que você seja Cristão ou seja contrário a transgêneros, transsexuais e homossexuais, nunca diga isso a alguém, especialmente seu filho. Isso não o ajudará, só fará com que ele se odeie. É exatamente o que ocorreu comigo.

Minha mãe começou a me levar para o terapeuta, mas só me levou a terapeutas cristãos (que eram todos muito tendenciosos), então eu nunca consegui a terapia que eu precisava para me curar da minha depressão. Eu somente ouvi cristãos me dizendo que eu era egoísta, que eu estava errada, que eu deveria reprimir minha identidade e que deveria pedir ajuda a Deus.

Aos 16 anos, eu percebi que meus pais nunca mudariam de opinião, e que eu teria que esperar até meus 18 anos para que pudesse começar qualquer tipo de tratamento de transição, o que quebrou totalmente meu coração. Quanto mais você espera, mais difícil é fazer a transição. Eu me senti sem esperança, senti que eu iria simplesmente ficar parecida com uma drag queen pelo resto da minha vida. No meu aniversário de 16 anos, quando eu não recebi a permissão dos meus pais para iniciar o longo processo de transição de sexo, eu chorei até dormir.

Eu comecei a tomar uma certa atitude “que se fod*” direcionada aos meus pais e abertamente me assumi gay na escola, pensando que talvez isso me ajudaria a assumir que eu também sou trans com mais calma mais tarde. Embora a reação dos meus amigos tenha sido positiva, meus pais se irritaram. Eles sentiram como se eu estivesse atacando suas imagens, e como se eu fosse uma decepção para eles. Eles queriam que eu fosse seu filho perfeitinho heterossexual e cristão, mas não era isso o que eu queria ser.

Então, eles me tiraram definitivamente da escola, tiraram de mim o meu laptop, meu celular, e me proibiram de entrar em qualquer rede social ou de sair de casa, me isolando completamente dos meus amigos. Essa foi provavelmente a fase mais depressiva da minha vida, e eu me surpreendo com o fato de não ter me matado naquela ocasião. Eu estava completamente sozinha por 5 meses inteiros. Sem amigos, sem suporte, sem amor. Eu apenas tinha o olhar de desaprovação dos meus pais, e a crueldade da solidão por todos aqueles dias.

No fim do ano escolar, meus pais finalmente cederam e me devolveram meu celular e me deixaram voltar às mídias sociais. Eu fiquei feliz por finalmente ter acesso aos meus amigos de volta, mas eu ainda não podia sair de casa. Eles ficaram felizes por poderem falar comigo novamente, mas só no começo. Eles acabaram percebendo que eles não se importavam comigo, e eu me senti mais sozinha do que nunca. Os únicos amigos que eu pensei que tinha, só gostavam de mim porque eu os via na escola 5 vezes por semana.

Depois de passar por um verão com praticamente zero amigos, mais o peso de ter que pensar numa faculdade, de guardar dinheiro para me mudar, continuar com as minhas notas altas, ir à igreja toda semana e me sentir como um lixo porque todos lá dentro são contra tudo o que eu represento, eu senti que não aguento mais. Senti que eu nunca farei a transição corretamente, mesmo quando eu me mudar. Que eu nunca vou ficar feliz com a minha aparência ou com o som da minha voz. Senti que eu nunca terei amigos que me satisfaçam. Que eu nunca terei amor o suficiente para ficar bem. Eu nunca vou encontrar um homem que me ame. Eu nunca serei feliz.

Ou eu vivo o resto da minha vida como um homem solitário que, a cada momento, gostaria de ser uma mulher, ou eu vivo minha vida como uma mulher ainda mais sozinha que se odeia por ter fugido de casa e decepcionado os pais. Não há vitória. Não há saída. Eu já estou triste o suficiente; eu não preciso que minha vida fique pior. As pessoas dizem que “vai melhorar”, mas isso não é verdade. Nada melhora. A cada dia, eu fico pior.

É basicamente isso, é por isso que eu sinto vontade de me matar. Desculpe-me se essa não for uma razão boa o suficiente para você, mas é boa o suficiente para mim. Quanto ao meu testamento, eu quero que 100% das coisas que eu legalmente possuo sejam vendidas, e o dinheiro (mais o meu dinheiro no banco) seja doado a movimentos e causas de direitos civis pró-trans, eu não me importo para qual grupo seja doado o meu dinheiro, desde que ele seja doado.

Eu só conseguirei descansar em paz no dia em que pessoas transgêneras não sejam tratadas como eu fui tratada, que sejam tratadas como seres humanos, com sentimentos válidos e direitos. O conceito de ‘gênero e identidade’ deve ser ensinado nas escolas, o mais cedo possível. Minha morte tem que significar algo. Minha morte tem que ser contada junto com o número dos outros suicídios de transgêneros desse ano. Eu quero que alguém olhe para esse número e diga “isso é muito errado” e ajude a consertar isso. Consertem a sociedade. Eu lhes imploro.

Adeus,

(Leelah) Josh Alcorn”


Fim da Carta

A mídia local e a escola em que Leelah estudou se referiram à transgênera com seu nome de nascimento, Joshua, ao darem a notícia trágica. A mãe da adolescente, Carla Wood Alcorn, postou um tributo à sua filha no Facebook, mas se referiu a ela como seu “filho”, usando seu nome de nascimento, e mencionou que “ele” morreu em um acidente, e não que havia se suicidado.

Postagem da "Mãe" de Leelah no Facebook, após a tragédia (Tradução logo abaixo)

“Meu doce filho de 16 anos, Joshua Ryan Alcorn, foi para o céu essa manhã”, disse Carla em sua postagem. “Ele saiu para dar uma caminhada matinal e foi atingido por um caminhão. Obrigada pelas mensagens, pela gentileza e preocupação por nós. Por favor continuem a rezar por nós.”

Muitos na comunidade LGBT se enfureceram com a morte de Leelah e com a sua história de negligência, desamor e abandono por parte de seus pais que, basicamente, a mataram. Um grupo no Facebook chamado “Justiça para Leelah Alcorn” foi criado, e já conta com quase 40 mil seguidores. FIM DA MATÉRIA PUBLICADA NO SITE MACACO VELHO.

Vocês estão conseguindo entender a gravidade da situação? O que eu mais achei um absurdo foi, depois de tudo o que aconteceu, a "mãe" ainda se fazendo de cega, e mencionando sua filha como filho, me posta uma barbaridade dessas e ainda pede orações. ATÉ QUANDO? É esse o Deus de amor que se prega? Faça-me mil favores..

Fiquei muito emocionado, e chorei bastante com a carta, e quem dera tivesse em minhas mãos ter acesso a Leelah para tentar conforta-la em meus braços, e tentar pelo menos diminuir a dor que sentia, graças aos monstros dos seus "pais". Pois bem, peço que por gentileza, curtam a página que está mencionada a cima como "Justiça Para Leelah Alcom" e que tente manter o mundo e seu ambiente um lugar melhor.

Rafa, XOXOXO

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